Wednesday, November 6, 2024

O país acordou espantado

Passámos anos a ver debates políticos que esvasiavam o diálogo de convicções e usavam como insulto o facto da pessoa ser idiologica e pouco pragmática. E estranhamos que as pessoas votem em quem lhes der mais jeito em vez de quem garante os seus valores?
Acusavam os iologistas de levar as nações à bancarrota e garantiam que se cada um votasse no seu melhor que em média estaria melhor para todos por virtude da democracia e ficamos surpreendidos de que as pessoas deixaram de pensar no colectivo?
Anos a diabolizar as organizações, as sindicalizações, porque perturbam a nossa vida e são os patrões que "criam empregos". Gerações a dizer o quanto devíamos estar gratos pela transacção que nos explora o trabalho, enquanto nos cala a rienvidicação e nos troca na enificiencia.
Cabe-nos a nós ter o brio profissional de nos tornarmos indispensáveis, demonstrarmos trabalhar mais do que pedido e ainda agradecer e idolatrar quem estiver a mandar porque isso é a cultura que serve a economia e todos sabemos que o povo serve a economia e não o contrário.
E agora estranhamos que o povo que se sentiu despido de convicções, mal tratado pelos patrões, abandonado pelos restantes quando protestou, decidiu que se está a cagar e quer é o dele?
O fantástico é ter durado tanto e não ter havido sangue. Aqui, ali e além mar as sociedades criam-se de confiança e esperança e desmoronam de abandono e desigualdade.

Tuesday, December 13, 2022

A independência deixa-me de fora

Um dia parei, olhei para ti,
Olhos de pai, lábios de mim, 
sorriso malandro de quem cria
planos e sonhos de magia.

Distingo sombras de ideias
tornados que navegas sozinho. 
Surgem pedras no caminho, 
Como a todos calha um dia. 

Perco-me na distância clivada, 
Quando te faltou uma mão
Não agarraste a minha.

E sem consequência de mais, 
Choro a ilusão destruida
De que te apoiaria. 

Tuesday, April 13, 2021

Poesias para crianças como as minhas-os animais são besteais

Finalmente consegui!
Está disponível na Amazon.
O meu novo livro de poesia: "Poesias para crianças como as minhas: Os animais são besteais"
Descrição
Encontra nos teus animais favoritos as suas virtudes e talvez um lado divertido com que gostaria que crescesses. Um livro de poesia simples, ternurenta e suculenta de significado, apropriado a artistas a partir dos 5 anos de idade. Cada poesia é acompanhada de uma ilustração cuidada pelo autor e uma participação artística dos seus filhos de 3 e 6 anos. Mostra a beleza do estilo 'naïf' e colorido do público alvo em paralelo com a do adulto, enquadrado na música das palavras.

Bom proveito. 😉

Thursday, October 1, 2020

Disponível na Amazon

O "Era uma vez... Uma torre de blocos em xadrez e monstros de bolacha de gengibre" está agora disponível em cópia física na Amazon.

Era uma vez uma tarde de dois irmãos a fazer bolachas e uma torre de blocos,uma história musical que descreve a interacção nem sempre harmoniosa do irmão mais velho com a irmã mais nova, moderada pela mãe, quando a idade da irmã ainda não lhe permite acompanhar o irmão. Este é um livro de ilustrações com pictogramas para que até os mais pequeninos possam participar da leitura, também contém algumas imagens para colorir.

Thursday, May 14, 2020

Era uma vez...

Em formato digital, um livro ilustrado para crianças : "Era uma vez... Uma torre de blocos em xadrez e monstros de bolacha de gengibre". Disponível na AmazonKobo,

Era uma vez, uma tarde dos dois irmãos a fazer bolachas e uma torre de blocos.Uma história musical que descreve a interação nem sempre harmoniosa do irmão mais velho com a irmã mais nova e com a moderação da mãe, quando a idade da irmã não lhe permite acompanhar.Um livro de ilustrações com pictogramas para que até os mais novos possam participar da leitura.A fonte usada é muito próxima da escrita á mão e na versão digital clicar nos pictogramas mostra as palavras, permitindo aprender a escreve-las.

Thursday, November 21, 2019

A minha avó

Como todas as outras não era de agora.
Veio dum tempo conivente com
o pai a proibir de cortar o cabelo. Bom,
nunca o vi comprido na senhora.

Não é segredo que entre nós
pouco havia de concordância,
dada a tamanha distancia
mas queria nos bem a todos nós.

Veio dum tempo em que feita a quarta
teve de começar numa fabrica
para a família ajudar a sustentar
com seu recorrente pesar.

Mas garantiu outra história aos filhos
e enquanto gabava “os netos mais lindos
a nós repetia “estuda minha filha”
que só os estudos te elevam na vida.

Veio de um tempo em que a menina de chapéu
era ensinada para encantar e receber
mas ambiciosa e orgulhosa ela subiu
da fábrica aos escritórios e à loja deles.

A loja era dos avós mas todos sabemos
que a partilha era compartimentada
a parte social e física ao avô entregada,
ficou com ela a gerencia e governos.

Veio de um tempo duro e injusto,
e se era catolicamente crítica
era um cuidado que estendia à família
numa defesa justificada de instinto.

E se eu hoje me considerar melhor
por entender a falha da sociedade ao pobre
é em parte porque a minha avó
entre mais tornaram-na mais uniforme.

Eu não preciso de aceitar
nenhuma das suas ideias
para a minha avó admirar,
uma mulher de armas.

Porque a minha avó veio de outrora
mas a ela eu devo muito da melhora
e por ela a minha alma chora.

Friday, November 15, 2019

Promessas encharcadas em progesterona

Passo dedos sobre o aquário
que arrebatou a minha vista
quando tento calçar um sapato
numa dança de equilibrista.

Vamos-nos comprar comida bio,
vou cozinhar fresco todos dias,
pendurar-me em ouro num fio
p'ra que te estiques e sorrias.

Mas um furacão enevoado
arrancou o prometido então
ficou'o cambalear bocejado.

Entre a avalanche de fraldas
e potes prépreparados estão
estes braços em que te resguardas.