Passámos anos a ver debates políticos que esvasiavam o diálogo de convicções e usavam como insulto o facto da pessoa ser idiologica e pouco pragmática. E estranhamos que as pessoas votem em quem lhes der mais jeito em vez de quem garante os seus valores?
Acusavam os iologistas de levar as nações à bancarrota e garantiam que se cada um votasse no seu melhor que em média estaria melhor para todos por virtude da democracia e ficamos surpreendidos de que as pessoas deixaram de pensar no colectivo?
Anos a diabolizar as organizações, as sindicalizações, porque perturbam a nossa vida e são os patrões que "criam empregos". Gerações a dizer o quanto devíamos estar gratos pela transacção que nos explora o trabalho, enquanto nos cala a rienvidicação e nos troca na enificiencia.
Cabe-nos a nós ter o brio profissional de nos tornarmos indispensáveis, demonstrarmos trabalhar mais do que pedido e ainda agradecer e idolatrar quem estiver a mandar porque isso é a cultura que serve a economia e todos sabemos que o povo serve a economia e não o contrário.
E agora estranhamos que o povo que se sentiu despido de convicções, mal tratado pelos patrões, abandonado pelos restantes quando protestou, decidiu que se está a cagar e quer é o dele?
O fantástico é ter durado tanto e não ter havido sangue. Aqui, ali e além mar as sociedades criam-se de confiança e esperança e desmoronam de abandono e desigualdade.