Monday, October 14, 2019

O lenço e o medalhão

Puxou de um lenço da jaqueta,
preta em forma de borboleta,
lá 'tava em nostalgia como
coração pendente no pescoço.

Com um bailado puxar do pulso
o leve tecido desabrochou,
e com um empurrar ao centro
cobriu os finos pálidos dedos.

E ergueu-o às longas pestanas,
juntando os dois velhos amigos,
que frequentemente se abraçam.
Momento solene de silêncio.

Tão rapidamente florescera,
pano cujo coração nomes diz
e assim com o medalhão condiz,
quanto murchara p'rá algibeira.

"Como conseguiu manter a graça?"
Então não ousaria perguntar,
e logo se tornou tarde demais
pois acabara de dele cuidar.

Suspeito de que já era sinal:
Sabia com isto se libertado
para o encontrar no terminal,
ofuscados pelo crepúsculo.

Deita enfim em dança de cores
tom lalegre que trará saudades,
junto o lenço e o colar, pois
as ofertas dele são imortais.

Aprendemos que não é incomum:
Quem crava os seus nomes tão fundo
enleam-se tanto as raízes
quase os separa tempo algum.

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